Where My Life Hides My Luck

 

 

Como devo começar? Não sei o que devo falar...meu nome? Data de nascimento? Ou apenas começo a contar o que vim para contar?

Sabe quando você chega a uma certa idade, você muda, todos mudam, só que garotas mudam de modo diferente do que garotos, claro que nós garotas sempre fomos mais avançadas, mais rápidas e inteligentes mas quando os garotos resolvem crescer eles até que surpreendem, talvez porque se Ficam espertos era uma coisa inesperada, ou talvez porque eles demorem muito e ninguém esperava que algum dia eles crescessem, mas o fato é que eles crescem, seja pra incomodar ou agradar, mas crescem, e aquele garoto que você sempre ignorou, que era feio, mas super querido e por mais que você gostasse dele não podia contar pra ninguém porque todos ririam de você, sim aquele garoto, que quando você reencontra está mais que gato e ainda por cima super rico, o garoto que você sempre gostou e nunca contou, e quando você percebe ele namora a garota mais chata, burra e riquinha da faculdade, que você para pra se perguntar como ele entrou aqui, e se algum dia ela vai sair, sim minhas caras, está garota está com o seu ex-feinho, e o pior é que ele te odeia por achar que você não gostava dele, e disse não para o convite de formatura, só porque estava com medo da reação da sociedade, que agora sorri quando ele passa e ri de algumas de suas piadas idiotas, é assim que está minha vida até agora, todos amam ele, menos eu, acho ele lindo, óbvio, sempre tive a minha secreta paixão por ele, mas aprendi a esconde-la, infelizmente aprendi a não ligar para o que os outros dizem só depois que cresci, me arrependo, mas nada posso fazer a respeito, a não ser continuar e ser bem sucedida no que estou aprendendo a fazer.

                Hoje começou as aulas, todos rindo, se abraçando pra matar a saudade, gritando pra contar as novidades, o grupo dos inteligentes por mais surpreendente que fosse, estavam conversando sobre as férias, nada de números, fórmulas ou o grau de seus óculos, eles estavam felizes, vendo eles assim dava até vontade de se enturmar com eles, mas depois que a aula começa eles ficam complexos, exagerados e super entediantes, mas fora isso são super gente boa, e lá estava a minha melhor amiga, acho que eu estava com tanta saudades, e assistindo muitos filmes, que acabei vendo ele chegando em câmera lenta, como se estivesse desfilando, e quando nos vimos sorrimos tanto, eu sinto muita falta dela, não que eu não tenho outros amigos, mas eu conheço ela desde meus 7 anos, então temos uma intimidade diferente, somos irmãs, é só assim que consigo explicar. Parece clichê eu sei, mas que culpa tenho eu se tenho uma amiga, que culpa as pessoas tem de ter amigos?! O mais engraçado foi que quando acenei para ela, Tom achou que estava acenando pra ele, lembra aquele garoto feio do início? Era o Tom... Mas enfim, e ele deu um sorrisinho, e eu cai na gargalhada e gritei:

- Eu to acenando pra Kelly ! – ele não parecia muito feliz com minha resposta, ele parou de sorrir e virou a cara, o que posso fazer? Tenho que fingir que sou a única que ele não pode ter, tenho que parecer difícil, porque se eu for uma das fáceis, acredite tem o clube das fáceis, ele nem vai ligar pra mim, como ele faz com elas, nem bom dia ele não dá.

                A aula teve início e eu era da mesma classe que ele, a Kelly infelizmente não era, mas eu sempre via ele no intervalo, estávamos sempre juntas, fazíamos os trabalhos juntas mesmo não sendo da mesma matéria, por isso sempre sabíamos o que uma ou outra estava aprendendo, então era óbvio que humilhávamos as praticinhas que estavam lá por cota de pouca inteligência, acredito eu claro, a que nós mais gostávamos de humilhar era a Debra, loira, óbvio, alta, magra, era mais pele e osso, olhos azuis e sempre na moda, não que nós não  fossemos mais lindas, mas é que ela namorava o Taylor, e a Kelly é super apaixonada por ele, então eu vou na onda porque amiga sempre apóia amiga, nem que seja no chão pra poder sentar, brincadeirinha, mas quando pequenas sempre nós apoiávamos, claro que tinha uma briga ou outra, mas nunca séria suficiente pra nós separar, uma vez ele me xingou porque dancei com o garçom que ela estava dançando, mas eu dancei por isso mesmo, pra irritar, pra brincar, sempre foi um jeito meu de brincar, ás vezes eu irrito, mas nunca de propósito, eu nunca quis magoar ninguém. Então voltando ao assunto da minha classe, tinha menos que pessoas que ano passado, alguns saíram, desistiram ou reprovaram, mas a Angelina estava lá, imagina, ele tinha que estar, não podia quebrar a perna ou reprovar, aposto que passou porque pegou cola do Tom, eu não sei qual o problema dele, mas ele faz tudo por ela e pra ela, tudo bem amar, mas ser escravo já chega a ser demais, onde já se viu um homem de 21 anos pegar uma maçã no pomar da escola, na árvore mais alta, só porque ele queria a maldita maçã? Tudo bem que toda mulher quer um homem assim, mas quere é diferente de merecer, ela não merece e nunca mereceu, no colegial eu lembro que ela só falava mal dele, ignorava ele e humilhava, vai ver é por isso que ele gosta dela, homens são estranhos mesmo, você sempre prevê o que eles vão fazer, mas do nada eles dão uma de mulher e ficam incompreensíveis, o que me deixa irritada mesmo é que ele sempre esta a me olhar e quando vou falar com ele a Angelina aparece, se tele transporta, faz voodoo ou qualquer outra coisa, mas ela aparece, e ele me ignora, totalmente, e antes de sair sempre espero ele me olhar pra fazer uma de nojo e sair, ele fica mal, mas é bom que aprenda, então eu decidi que este ano eu não vou falar com ele, olhar para ele, sorrir para ele, nem mesmo amar ele. E comecei bem, ao entrar na sala eu estava olhando para a porta e quando ele entrou deu um sorriso para mim, eu simplesmente dei a entender que vi e virei a cara, sem expressão alguma.

                As horas passavam e eu me segurava, pois eu tinha a mania de ficar olhando para ele, mas tive que me entreter com outra coisa então quando estava fazendo os exercícios passados eu olhava para meu caderno e nada mais, e quando eu acabava fica olhando para a janela, para o céu, eu percebia que ele percebia, mas era a minha promessa e eu não quebraria, bom pelo menos por uma semana...

 

Ignorei ele por meses, até que ele veio falar comigo, quando ele abriu a boca para falar o sinal tocou e eu sai sem dar bola, era verão e como todo ano, tinha a viajem do acampamento de verão, eu sempre fui, mas este ano tinha minhas dúvidas, porque ano passado ocorreu um pequeno acidente no ônibus, não posso contar, mas posso alertar você de nunca, mas nunca, comer uma coxinha de frango, ainda mais em ônibus onde a janela não abre...você pode passar mal...mas vivendo e aprendendo. Mas a Kelly me convenceu de ir, e ela disse que ainda tinha a mesma coberta da viajem, que foi de grande utilidade. Há e eu teho mais uma dica, por mais tentador que seja, não leia o diário de sua amiga, além de ser super errado, você pode ver coisas que nem o seu inimigo falaria de você, mas afinal, todos tem seu momento de raiva... Não guardo rancor, mas se você guardar, nem leia! Já eu posso (hehe).

Na viajem não ocorreu nada de errado, não comigo pelo menos, porque o David pelo jeito não leu a minha dica e comeu a coxinha, eu acho que isso deve ser uma vingança dos frangos cotocos, mas isso é outra história. Mas pelo menos as janelas abriam, então não foi pior do que o que aconteceu comigo, infelizmente. Mas vamos parar de falar sobre estas lembranças, ninguém sabe que fui eu, só a Kelly, e espero que ela não tenha contado pra ninguém... Quando chegamos no acampamento era exatamente igual, parecia uma triste memória do passado, que quando passava pela sua cabeça era em preto e branco, aquele lugar era estranho, parecia o acampamento do Jason, mas mesmo assim era um lugar ótimo, onde todos se divertiam e esqueciam que estávamos abandonados sem ninguém, sem telefone, sem internet, para chegar na cidade mais próxima precisávamos andar cerca de 20km e nós tínhamos apenas aquele ônibus meio infetado, a única coisa que realmente me fazia ir lá era pra passar um tempo com a Kelly e curtir o Tom e o Rodrigo sem camisa, fora isso  eu nunca iria lá...

 

Pra quem não sabe, Rodrigo é o meu querido professor, o que é um tremendo desperdício ser professor, ele é lindo, a Kelly já não acha, mas gosto é gosto, mas é bom que eu e ela não temos o mesmo gosto pra homem, assim a gente nunca vai brigar, ele por exemplo gosta de loiro, e eu nem consigo olhar pra eles, ele pode ser perfeito, mas se for loiro...blé. 

O primeiro dia foi tão ensolarado que deve ter passado dos 40 graus, então todos resolveram ir para o lago, nadar, todos os homens entraram no lago, mas de mulher só eu e a Kelly, elas preferiram ficar tomando banho de sol, então veio à frase que levantou nossa moral: - Vocês são bem mais legais. – Aquilo fez com que a gente até jogasse três cortes com eles, e olha que é difícil de se fazer isso, por isso sempre desistimos já quando perguntam, mas dessa vez resolvemos jogar, o Tom deu o sorriso mais lindo do mundo quando eu disse: - Sou do time do Tom porque vejo ele sempre ganhando. – E não deu outra, ganhamos. Ao entardecer, quando eu estava me secando, ele passou por mim e falou pertinho da minha orelha, tão perto que eu sentia sua respiração, com uma voz doce: - Você joga bem, se amanhã você for jogar, venha no meu time. – E eu nem respondi nada, me imaginei virando e dando aquele beijo nele, mas a única coisa que fiz foi balançar a cabeça como se estivesse dizendo sim, então ele saiu e foi lá dar um susto na Angelina, que xingou ele, eu teria beijado, então eles começaram a discutir, e eu ouvi ele dizer : - Às vezes você poderia ser divertida como a Isabella! – Quando ouvi aquilo quase cai na risada, se ela não estivesse olhando pra mim cheia de raiva, então ela veio me encher a paciência.

- Escuta Isabella, eu não sei o que você quer, mas fique bem longe dele, me ouviu?

- Angelina, eu fico, mas quem garante que ele vai ficar? Afinal parece que ele não esta achando com você o que ele comigo.

- Ora garota, se enxerga, eu tenho tudo que você tem e até mais.

- Parece que ele não consegue ver isso em você, só em mim.

- Cala boca! Vou te avisar só uma vez, fica longe dele. -  Então ele se retirou virando seu cabelo e batendo na minha cara com ele, eu nem respondi, não gosto de discutir com esse tipo de pessoa, e parece que teve gente que gosto da minha educação.

- Eu se fosse você teria dado um tapa nela.

- É, talvez, mas não faz meu tipo Rodrigo.

- Admiro isso em você.

- Só isso? Ai que triste, magoei agora.

- Não – Diz ele dando risada da minha cara de triste, claro que eu estava brincando. – Admiro você em quase tudo, por mais errada que você esteja, sempre acha um jeito de estar certa.

- É, eu sou do tipo azarada, então tive que improvisar muito quando criança. Acho que assim aprendi a inventar respostas, mesmo que sem noção, para quase tudo.

- Ta afim de fazer um lanche?

- Nem posso, a Kelly ta me chamando.

- O que isso quer dizer? Por que eu não consigo ouvi-la

- Quer dizer que vou pensar – digo dando um sorriso que se eu fosse ele me apaixonaria por mim mesma.

 

Quando chego a cabana me deparo com uma cena única e impagável, a Kelly grudada na parede com um copo, eu nem ia pergunta, porque já vi situação parecida, na praia, eu entrei bem quieta em casa e quando vi meu pai estava com dois copos um em cada orelha, olhando pra TV, olhei assustada, peguei meus óculos e sai, afinal nem me meto nessas coisas, mas ele já foi respondendo.

- Nem pensa merda! To tentando ouvir a conversa do Tom e da Angelina, eles estão brigando desde que chegaram. Adoroo !!

- Por favor né Kelly, onde tem copo?

- Ali na prateleira da cozinha! – diz ele rindo da minha cara. Então me encostei do lado dela, para ouvir a briga.

- Angelina para de se assim! Eu não agüento mais, eu disse aquilo sim, e repito, você poderia ser mais divertida como a Isabella!

- Você quer que eu seja uma criança? Quer que eu fique jogando bola, e fazendo piadas sem nexo?

- Quero que você seja mulher! Você só pensa em si mesma, e as piadas tem nexo, você que não inteligente o suficiente pra entender!

- Então quer dizer que sou burra? Se é assim porque você está comigo?

- Nem eu não sei! Mas agora que percebi eu quero terminar! – diz ele saindo e batendo a porta, deu pra ouvir, porque vê eu não vi. Ela nem se deu o trabalho de chorar, ouvimos apenas o baralho da mala dela abrindo. Eu fui ver como ele estava, afinal foi meu que minha culpa, na verdade foi culpa do meu nome, porque eu não me meti na briga.

- Você está bem Tom? – Vejo ele sentado com os olhos cheios de lágrima, mas com expressão de raiva. – Eu ouvi os gritos...

- Não poderia estar melhor – diz ele esfregando os olhos e se virando pra mim – Sempre achei que ela gostasse de mim, mas acho que ela só queria se exibir comigo. – Aleluia Senhor! O garoto se tocou.

- Claro que não – sim, posso ser falsa para agradar – Não vou dizer que ela é um amor, por que não gosto dela, mas talvez ele te amasse. – digo me sentando ao lado dele e acariciando seu braço e suas costas.

- Prefiro pensar que ela não me amava, ao pensar que ela me amava desse jeito rude e cruel. – Quase chorei, ele estava acabado, e por ela! Aquela cobra.

- Deixa ela ir, faça ela sofrer um pouco, talvez ela perceba o que perdeu...

- Queria que ela fosse você, ou melhor, você fosse ela – diz olhando em meus olhos e se aproximando, ele nem se quer piscava, e eu muito menos. Mas chegou o Rodrigo que atrapalhou e o Tom se levantou e entrou em sua cabana ao ver que Angelina já tinha se retirado, por mais que eu não tenha gostado de Rodrigo atrapalhar tudo, não fiquei brava com ele, pois parecia um ato de impulso dele, acho que nem ele sabia o que estava fazendo lá. Então dei um beijo na bochecha dele e entrei na minha cabana para dormir.

 

No outro dia me decepcionei, achei que Tom ficaria naquela cabana, e teríamos chance de conversar mais, eu queria ser amiga dele, depois daquela sena não queria me envolver muito, mas ele estava de malas prontas para ficar no mesmo quarto que seus amigos, não sei quem eram e nem faço muita questão de saber, a questão é que eles roubaram a minha chance de ser ‘’amiga’’ do Tom.

Ele tinha quatro malas, e foi muito engraçado ele tentando carregar todas ao mesmo tempo, porque eram pesadas e ele acabou caindo, e como estava meio desanimado, ficou deitado em cima delas como se fosse um defunto, como eu estava vendo tudo pela janela resolvi sair e ajudar ele, quando ele me viu, começou e a rir e perguntou.

- Eu sabia que você estava me olhando – então levantou a cabeça e falou rindo – fiquei no chão só pra ter certeza de que era você.

- Você não tem mais o que fazer? – eu disse rindo e ficando vermelha. – Eu estava olhando pela janela antes de você sair, ta. Mas como você apareceu resolvi ficar olhando caso você precisa-se de ajuda, e eu acho que precisa.

- É, uma ajudinha caia bem agora.

    Então eu fui puxa-lo para ele se levantar e ele me puxou com ele para o chão, começamos a rir, mas paramos quando demos conta que estávamos nos olhando olho no olho, os olhos verdes dele me deixam nas nuvens, porque são aqueles olhos que mudam de cor, uma hora esta verde outra azul, então não são bem verdes, acho que esse tipo de olho se chama verde azulado, ou azul esverdeado, mas o que conta é que eram lindos, ficamos nos olhando por uns 10 segundos, rindo, mas se olhando, e quando ele foi se aproximar o Rodrigo chegou, não sei muito bem se isso está se tornando mania ou se ele realmente não tem setocol.  Ele mandou nós dois nos apresarmos que iria vir o ônibus para nos levar a cidade comprar o que faltava, ou o que acabara.

Cap - 2

 

Kelly não quis ir pois queria curtir sozinha com Taylor então eu fui sozinha, sentei no meio do ônibus procurando por Tom mas não consegui vê-lo então o chato do Rodrigo sentou comigo e começou a puxar assunto. Eu nem prestei muita atenção, mas ficava olhando fixamente para ele, acho que algo nele me atraia e nem eu sabia o que. Mas do nada apareceu o Tom, e eu acho que ele percebeu meu ‘’tédio’’ e disse para o Rodrigo:

- Se não se importar de sair...Esse lugar é meu, eu estava no banheiro.

- Mas não tem banheiro esse ônibus.

- Mijei pela janela então! Agora sai.

- Só saio se ela me disser para sair...

- Ah eu to quieta não me mete nisso – disse virando a cara para a janela.

- Bom se você não sai por bem sai por mal.

- Quer saber senta logo ai, não vou brigar com você, afinal é proibido bater em mulheres.

- Repete isso na minha cara! – Tom grita para Rodrigo que sai correndo pro fundo do ônibus, e eu ainda tive que segurar o Tom pra não ir até lá e socar a linda e fofa, mas chata, cara do Rodrigo. Então ele sentou comigo e se explicou:

- Desculpa mas eu não queria sentar sozinho, e a gente pode ter um tempo pra conversar, afinal gostei muito de conversar com você.

- Tudo bem, é normal garotos brigarem por mim – falei rindo.

- Eu sei, eu lembro no colegial, todos queriam sair com você mas você era boa demais para eles ou dava a entender isso, ainda bem que você mudou.

- Eu não mudei! Sou exatamente igual, a diferença é que você que me via do jeito errado.

- Jeito errado?! Você nunca deu chance pra ninguém, sempre viveu no seu mundinho, humilhando os outros!

- Você só pode estar me confundindo, nunca pisei em ninguém, quem fazia isso era a Katherine.

- Mas você andava com ela e agia exatamente igual a ela, talvez você não perceba mas você e ela são exatamente iguais, sempre preocupadas com a opinião dos outros.

- Se você não sabe o que fala então é melhor ficar calado, e se esse é o assunto pelo qual você sentou comigo acho que deveria se retirar. – disse virando a cara e batendo o cabelo em seu rosto.

- Você tem razão, não sei o que estava esperando de você... – falou em um tom baixo mas rude, se retirando e sentando com os garotos no fundo. Quando senti o assento voltar ao normal no momento em que ele saiu me deu uma vontade tão forte de chorar, meus olhos encheram de água, mal sabia ele o quanto me arrependia de minhas ações passadas, mal sabia ele o que senti por ele quando jovem, uma única lágrima caiu, limpei discretamente e me virei, e percebi que Rodrigo estava ali, ele não tinha percebido que eu estava quase chorando e se percebeu fingiu para que eu não me envergonhasse.

- O que você vai comprar?

- Tudo, a Kelly não comprou nada -.-‘ – é, a Kelly é assim, super responsável mas incapaz de perceber uma lista de super mercado em seu bolso, não importa quantas vezes você tenha parado e olhado seriamente em sua cara e dito palavra por palavra : T-E-M U-M-A L-I-S-T-A D-O Q-U-E C-O-M-P-R-A-R N-O S-E-U B-O-L-S-O ! E ela tem a capacidade de dizer toda feliz: ai eu entendi! Não vou esquecer... Sim ela é assim...

- Como eu não vou comprar nada eu te ajudo – disse ele abrindo um grande sorriso, e eu apenas retribui balançando a cabeça para sinalizar um sim.

Chegando na cidade, nós fomos direto para o mercado, primeiro faríamos as compras e depois almoçaríamos em alguma lanchonete, quando desci do ônibus ouvi Tom me chamar mas ignorei e na segunda vez que ouvi Rodrigo me puxou como se estivéssemos conversando e eu não fosse ouvir Tom, fiquei aliviada pois não poderia ignorar Tom na segunda vez.

 

Comprei tudo que achei necessário, tanto para mim quanto para Kelly, eu sempre sei o que ela precisa, ta eu não sei, ela me deu uma lista, mas pelo menos lembrei de olhar a lista,  o Rodrigo sempre ali me ajudando e empurrando o carrinho, parecíamos até um casal, e parece que o Tom não gostou da gente ‘’brincando de casinha’’ , ele estava apoiado em uma prateleira só observando, mas eu nem liguei, quando Rodrigo saiu por um segundo ele veio até mim e teve a audácia de dizer:

- Viu como você não mudou nada, sempre quer os que todas querem e o pior é que consegue o que só faz de você uma pessoas pior do que já é.

- Engano seu, elas querem ele tanto quanto querem você, e eu não quero você, então elas ainda podem ter você, que é o mais cobiçado, agora me da licença que eu tenho coisas a fazer alem de discutir com alguém que é realmente bipolar.

- Bipolar? Não sou bipolar, apenas não minto, mentiras não ajudam em nada.

- Bom que você pensa assim, mas já ouviu a frase ‘’á mentiras que fazem bem’’ ?

- Já eu discordo.

- Então tenta chegar para a sua próxima namorada, e se ela for gorda, diga que ela esta gorda, ai a gente conversa.

- Eu chamaria isso de omitir a verdade. – diz ele dando um sorrisinho de canto.

- Eu chamo de mentira. – falo virando e indo em direção a Rodrigo que me esperava em uma seção de comidas. Senti tristeza nos olhos dele, parecia desanimado, não sabia o que houvera então perguntei:

- Tudo bem?

- Sim, mais ou menos, é que toda vez que eu vejo você, você esta falando com o Tom, e eu não sei o que há entra vocês, mas...ah, deixa...

- Não há nada entre nós eu nem sequer gosto dele. Só o que ele faz é me xingar...

-  Mas pelo que? Você é perf...digo você não faz  nada errado, que eu saiba...

- Mesmo se fizesse não te diria – disse rindo e pegando o carrinho dele, dando um impulso e saindo andando com o carrinho, ele puxou o carrinho por trás me prendendo de costas e apoiando a cabeça em meu ombro, olhou diretamente para mim virada para ele e demos um sorriso simultâneo, ele me soltou e continuou a olhar para mim com aquele sorriso em seu rosto, eu não tirei meus olhos do dele por nenhum segundo, mas depois nos viramos e continuamos as compras, senti que seriamos grandes amigos, e adorei esta idéia. O que realmente me incomodava era ter que ignorar Tom, ele me deixava louca, fato, mas ao mesmo tempo me dava vontade de agarrar como se fosse um bichinho de pelúcia e nunca soltar.


Butty&Kelly